A escritora Viviane Pereira, conta a experiência de publicar 6 livros

Viviane Pereira, membro da Academia Santista de letras, jornalista com passagens pela Folha de São Paulo e Revista Época, roteirista e escritora, já tem seis livros publicados e um deles foi transformado em peça teatral. Ela nos conta um pouco da sua experiência e dos desafios de escrever uma história.

 

CB: Sempre teve o hábito pela escrita e pela leitura?
VP:
Sim, sempre. Assim que aprendi a ler, adorava ler de tudo, o tempo todo. E desde pequena tive fascínio pela maravilha que é mergulhar em uma história e viajar junto com o autor. Da mesma forma, escrever é algo que faz muito parte de mim desde nova. Ainda na infância e adolescência eu era a “escritora” da família. Eu escrevia os cartões de aniversário, as mensagens em datas importantes, até os textos dos anúncios para colocar no jornal na então seção “deixe impresso seu amor”. Logo cedo percebi que eu tinha o dom de colocar no papel as palavras que as pessoas queriam dizer – e ouvir – e nem sabiam. Essa ideia de identificação com o texto. Escolher o jornalismo como profissão foi consequência do objetivo de poder “viver de escrever”.

 

“Apaixonada por letras que se juntam de forma
tão mágica para contar uma história”

 

CB: ‘’Confissões de uma louca de amor” foi adaptado para a peça teatral “Louca de amor – uma quase surtada”, protagonizada pela atriz Lena Roque. Como foi sua reação e como é ter recebido 

este outro olhar da sua história? Como chegou até o teatro?
VP:
Foi uma sensação indescritível a primeira vez que vi a apresentação da peça: parecia que o personagem tinha saltado para fora do livro e estava ali, diante de mim, repetindo os diálogos. E o mais lindo disso tudo: fazendo as pessoas rirem, divertirem-se.

O ofício do escritor é, em geral, bastante solitário. Você escreve e não tem a menor ideia da reação que cada palavra irá provocar no leitor. Ter a oportunidade de ver seu objetivo de levar alegria sendo concretizado foi um grande presente, uma realização.

Sobre como chegou ao teatro – eu conheci a Lena em um evento em que nós duas atuávamos como repórteres e apresentadoras. Eu estava comentando com uma coordenadora do evento sobre o livro, que ainda não tinha sido publicado, a Lena ouviu um trecho da ideia e disse que gostaria de levar o personagem ao teatro. Eu corri para publicar o livro e lancei junto com a estreia da peça.

 

CB: O que te inspira na literatura, a escrever?
VP: “Apaixonada por letras que se juntam de forma tão mágica para contar uma história”.
Eu uso essa frase na apresentação do meu site e acho que, em resumo, é isso. Sempre me encantou a forma como brincamos com as letras que vão se juntando, como quem monta um Lego, para formar palavras, e daí para frases, parágrafos e livros inteiros. No final, tudo não passa de letrinha atrás de letrinha e toda a história da humanidade cabe nessa brincadeira… Essa é minha grande inspiração: poder brincar de unir letras para contar as histórias que eu vejo e sinto no mundo e se manifestam transformadas em textos dentro de mim.

Também me encanta a ideia de partilhar meus sentimentos, emoções, e provocar emoções e sentimentos em quem está lendo. Gosto de olhar o cotidiano, as pessoas, para me inspirar para as histórias, registrar e depois tudo isso volta. Essa troca é muito rica.

 

 

 Obras e autores que admira:

Crime e Castigo de Dostoievsky, sempre. Marcou desde a adolescência a força da história e dos personagens, o estilo. Adoro Saramago, Borges, tive grande alegria de ‘experimentar’ A Louca da Casa, de Rosa Montero, depois que a conheci e me encantei em uma feira literária. Adorei reler recentemente Dom Quixote, que me trouxe uma experiência mais intensa do que quando o li na juventude. Gosto de Harry Potter e Senhor dos Anéis. Muitos marcaram minha adolescência: Herman Hesse, Júlio Verne, Machado de Assis, Aluizio Azevedo, José de Alencar, Garcia Marquez. Gosto de tantos que poderia ficar um bom tempinho aqui… Em poesia, Fernando Pessoa.

 

 

 

CB: Quais são os seus hobbies, além da escrita?
VP: Depois de 20 anos, voltei para a fotografia. Foi uma paixão logo que entrei na faculdade de Jornalismo no início dos anos 1990, cheguei a comprar uma máquina profissional – na época, analógica. Depois veio o trabalho, a correria da redação, a paixão ficou adormecida e agora renasce com muita força. Está sendo bom poder registrar novamente minhas ideias também em imagens. E gosto de experimentar unir textos e fotos. Muitas ideias surgem ligadas a uma imagem e era frustrante não poder complementar isso. A foto vem cumprir esse papel.

Outro hobby – ou talvez possa chamar de um vício 😊 – é assistir séries. Amo. Maratono. Repriso. De vários tipos. De Friends a Suits. Assisto várias ao mesmo tempo e por muitas horas quando é possível, todos os dias. Amo tanto que volta e meia escrevo algo sobre e até criei uma seção para as séries no site.

 

 

CB: O “Dicionário das loucuras de amor’’, é como se fosse uma explicação do livro Confissões ou apenas gosta de abordar esta temática? VP: Eu considero o ‘Dicionário’ um “filhote” do ‘Confissões’. Ele era um pequeno anexo no livro quando foi apresentado à editora Matrix, que gostou da ideia do dicionário e me pediu para ampliá-lo, pois vislumbrou que ali havia outra obra.

Os verbetes estavam nesse anexo porque ao final de alguns capítulos eu percebia que seria interessante dar uma definição própria a palavras que pareciam ter um significado diferente para a louca de amor, um universo à parte. Daí, foi ampliado esse universo e nasceu o ‘Dicionário das loucuras de amor’.

 

CB: São 6 livros já publicados, pretende escrever quantos mais?
VP:
Nunca parei para pensar em números. Tenho muitas ideias, alguns livros encaminhados que talvez logo sejam publicados. E as ideias não param de surgir… Então, enquanto elas estiverem por aqui e eu achar que está sendo bom, vou escrevendo.

 

CB: O que seria desafiador na criação de uma história?
VP:
Eu vivi uma vez algo que na época foi um grande desafio: escrever um personagem principal masculino narrando a história. Gosto muito da alma feminina, observo o comportamento, suas 

manifestações. Só que há uns 10 anos acordei no meio da madrugada com uma história infantil com dois irmãos, um menino e uma menina, mas ele quem contava a história. Escrevi freneticamente até amanhecer – como muitas vezes, aliás. Durante esse processo, eu tentava de tudo, “brigava” com o personagem para que a menina contasse, mas não consegui. De tanto insistir, tem um capítulo em que acontece uma situação e o menino precisa sair de circulação, a irmã entra e relata essa parte. Mas foi o que consegui por ela. Kkkkk  Foi desafiador falar na voz de um menino – mas também uma conquista que me enriqueceu como escritora.

CB: Qual das obras foi seu desafio?
VP: O mais novo desafio foi me aventurar por um romance – O Trono do Mundo. Ele foi nascendo como uma ideia, cheguei a criar personagens vendo pessoas nas ruas, como se elas se transformassem… E quando comecei a escrever percebi que iria extrapolar um livro e precisaria ser uma série. Lancei o primeiro volume e está sendo desafiador estruturar essa grande história.

 

CB: Pretende voltar a escrever crônicas?
VP:
Sim, muito. Ultimamente essa ideia está presente quase todos os dias. Ando na rua, alguém me entrega um folheto e eu imagino uma crônica. Vejo um cartaz – outra. Para guardar a ideia, tenho registrado fotos, com aquele objetivo de unir imagem e texto. Já estou ensaiando algumas…

CB: Qual é a relação com os leitores? São muito críticos?
VP:
Há vários tipos de leitores, de diferentes estilos. Existem aqueles que gostam totalmente do seu trabalho; outros que curtem alguma coisa, mas não tanto outras. Como eu escrevo em vários estilos, acabo convivendo com um público bem amplo. É muito bom quando você recebe uma crítica bacana, fundamentada, que ajuda a crescer como profissional e pessoa. Triste é quando ela vem só pelo criticar – mas infelizmente isso existe em todas as profissões.

Têm pessoas que sabem valorizar o trabalho do outro e entregar um feedback que enriqueça e há os que só conseguem manifestar suas próprias frustrações. Acho que o grande desafio do escritor é separar uns de outros. Não se pode achar que seu trabalho é tão incrível que não tenha nada para melhorar, mas tampouco se deixar abater porque alguém não gostou. Até porque, apesar das questões técnicas, tem também muito de gosto pessoal. E não é possível agradar a todos. Quem tem essa ilusão, nunca conseguirá fazer nada.

CB: Que dica daria para quem quer escrever, mas não saber por onde começar?
VP:
Primeiro leia, leia muito. Leia histórias, leia notícias, leia as pessoas, leia o mundo. Desses universos surgirão suas ideias, suas histórias. E, claro, escreva bastante. Quando estiver escrevendo, em um primeiro momento, deixe de lado as autocríticas. Não pense no que os outros vão achar, se vão gostar. Escreva para você!


CB: Recebeu algum tipo de apoio na divulgação?
VP:
Os livros publicados por editoras foram divulgados por elas. Os que eu produzo por minha conta, eu mesma acabo cuidando da divulgação, usando minha experiência de jornalista.

 

CB: Você enfrentou dificuldades para conseguir aceitação das editoras?
VP:
Publicar um livro é sempre um desafio. Não é fácil encontrar a editora que queira, naquele momento, exatamente a obra que você apresenta. O que não pode é desistir. Vale aproveitar os retornos das editoras, dos amigos, e ver se há algo que pode melhorar na obra.

Não podemos esquecer que as editoras são apenas um meio de publicação. Hoje vivemos um momento único para escritores, com plataformas de autopublicação, redes sociais. Sempre há um caminho para achar o seu leitor – o que é, afinal, o grande sonho do escritor.

Comentem o que acharam da entrevista! 😉

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About Larissa Libanio

Aquariana, estudante de jornalismo, apaixonada por cultura, arte e literatura. A leitura pode transformar o ser e o intelecto, é por isso que escrevo no blog, para incentivar todos a descobrir um mundo com várias perspectivas e sonhos.

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